16 de julho de 2010

Vida de estagiária - Parte 1

Ela disse que as coisas não poderiam estar melhor: Ela é professora-estagiária em uma escola municipal. Quinta série, uns amores... 21 anjinhos na vida dela. Que sorte ela teve. Todas as atividades que leva são encaradas por eles como um "aprender brincando", por isso, é lá - na escola - onde ela se sente em casa, onde se sente bem.
Engraçadas são certas situações da vida. No primeiro dia em que entrou na escola, as pernas estavam bambas, o estômago parecia ter um par de borboletas brincando as custas de bons enjoos seus, as mãos suavam tanto! E, agora quando pensa que terá que deixar aquela escola, aquela turminha tão heterogenea, tem os mesmos sintomas!
E, por tudo isso, eu não entendi quando ela disse: Jamais serei professora!
Incoerente? Não, quando se vive no contexto. Ser professora significa ser responsável demais, ou, pelo menos, deveria significar. Quando se é estagiária, é tudo novo. Se quer conhecer os alunos, ver onde estão seus problemas para ajudá-los a resolver.
Mas se ela for professora, terá dois destinos: ou ficará louca ou será corrompida pelo "sistema" - o que também é uma forma de enlouquecer. O estágio é o Conto de Fadas do ensino. É onde cada professor tem a sua única turma e se dedica totalmente a ela.
 Quando se observa uma situação, estando fora dela, comete-se tantos enganos, pois fica-nos díficil entender que o professor está sobrecarregado de verdade, não é exagero dele.
Mas quando se está dentro, é impossível negar: o professor é o profissional que mais merece respeito. Porque o professor é (mal) pago para dar aulas, mas lhe é cobrado por sua clientelinha que ocupe também os cargos de confessor, psicólogo, psicanalista, orientador moral, sexual, sentimental, pré-natal, palhaço, animador, etc., e ele não pode se negar. Pelo menos, ela sente que não pode.
Jamais será professora!
(pelo menos, não professora)

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