21 de julho de 2010

Comédia da vida pública - Episódio Único

É bom ter uma paixão,
mas é péssimo quando
você se fecha para
as paixões dos outros.

Se você, acadêmico lascado, ouviu seu professor dizer que seu trabalho estava excelente e ficou esperando um 8,0 ou, mais humildemente, um 7,0, afinal era "excelente" e não bom ou razoável, então você tem toda a razão de ficar decepcionado, indignado e irritado ao ver estampado no seu Excelentíssimo Trabalho um 6,5.
Ah, se pudéssemos avaliar os professores! Excelente e 6,5! ZERO no quesito coerência. Mas se quisesse "melhorar a nota", eu daria uma dica: substituir o "excelente" por "ééé... até que tá bonzinho". Pelo visto, também exige-se - por entrelinhas - que os alunos façam coisas unicamente para melhorar as notas. Como não somos desses, não refaremos nada. A nota nos foi dada por uma pessoa apta e capacitada para avaliar-nos, então, aceitamos e respeitamos (em parte) a nota.
Sempre, desde que passamos no vestibular, fomos obrigados a ouvir um discurso hipócrita, o qual diz que temos de nos tornar críticos, que devemos ser capazes de nos posicionarmos e que, principalmente, devemos defender nossas crenças e argumentar com unhas e dentes em favor delas. Ora! Pra quais ingleses verem?? A realidade é que, se não escrevemos ou dizemos o que o professor quer ouvir, então nossa fala é pobre, é vazia, é 6,5.
Temos, portanto, que saber qual a paixão de cada professor e perder o sono no google pesquisando sobre elas, até que juntemos informações que sustentem a nossa mentira de dizer que - por coincidência - as nossas paixões e as deles são as mesmas. Se você lacrimejar ao falar da paixão usurpada, então, você ganha - por merecimento - o 10,0. Ou 10,5 (que ninguém duvide).
Sabe por que tudo isso? É para que não nos esqueçamos de que há ficção até na realidade; que há um estranhamento causado até pelo que, no fundo, já era esperado; e, principalmente, para que não nos esqueçamos de que, antes de conhecer a expressão "entre-lugar", jamais havíamos estado nele e agora não conseguimos sair.
Ainda há quem pense que há inveja, mas inveja seria se não se quisesse que o outro tivesse algo. Eu não disse que os que receberam 10,0 não mereceram, só disse que nós merecemos também. A preocupação, as horas de sono perdidas, a ânsia por aperfeiçoar e retocar, tudo foi exatamente igual, embora alguns achem que neles sempre dói mais, mas "sem querer desfazer dos outros", é óbvio. A única diferença, portanto, entre eles e nós, é que não gritamos nossa fadiga aos quatro ventos.
Cometemos um erro somente: o de não copiar para o nosso trabalho quatrocentas mil páginas falando sobre teorias ou obras que seriam pesadíssimas para o público-alvo de nosso trabalho - adolescentes. Quisemos manter a coerência entre público-alvo e conteúdo oferecido e nos lascamos. Mas agora já sabemos que coerência é algo supérfluo.
Eu não poderia deixar passar em branco. Apesar da minha indignação e do meu profundo desejo, eu não posso mudar nada (até poderia, mas pra que? pra melhorar a nota??), mas eu ainda posso me expressar. E digo que tenho - modéstia à parte - excelentes formas de me expressar (na minha concepção de excelente, é claro).
Bem, admito que somos burros. Sabemos que os professores querem receber trabalhos de acordo com seus gostos e não de acordo com os nossos. Psss, quem se importa com o que pensamos? Nossa estafa vale 6,5. Já estamos no 8º semestre e ainda não entendemos o recado: "Escreva o que eu quero ler!"

Não falem comigo hoje, eu estou de excelente humor!

Um comentário:

  1. para essas pessoas que acham que ARRASAM vai a seguinte reflexão: SEJA SEMPRE SINCERO, NÃO MINTA,NEM ENGANE... ISSO NÃO TRARÁ BENEFICIOS PARA A SUA VIDA.....

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