1 de dezembro de 2011

Resenha para a disciplina de Filosofia

Referência: GUIDDENS, Anthony. A política de mudança climática. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

Resenha da Introdução e dos Capítulos 1 e 9 da referida obra.

A necessidades de políticas do clima

Viviane de Freitas Cunha[1]

Que esperança existe de que, como humanidade coletiva, sejamos capazes de controlar as forças que desencadeamos? (Giddens, 2010)

A humanidade só se propõe problemas que é capaz de resolver. (Marx apud Giddens, 2010)

Anthony Giddens é um sociólogo britânico preocupado com as consequências do desenvolvimento do mundo moderno, aliás, dessa forma é intitulada uma de suas obras: Consequências da modernidade. Nesta assim como em A política de mudança climática, Giddens vai versar sobre o problema do aquecimento global associado ao problema da segurança energética.
Giddens introduz seu texto com a metáfora dos motoristas de SUVs. Diz o autor que todos somos motoristas desses veículos, uma vez que todos contribuímos para a gradativa mudança climática e, o mais atemorizante, despreparados para enfrentar as ameaças que provocamos e com as quais lidaremos no futuro. Dirigimos os SUVs como se não soubéssemos das inúmeras teorias que se disseminam pelo mundo, alertando sobre os efeitos da mudança climática. No entanto, Giddens esclarece: um grande número de livros foi escrito sobre ela e suas consequências prováveis. Nos últimos anos, essa questão tomou a frente das discussões no mundo todo.
O tema central da obra se dá em torno do paradoxo de Giddens, ou seja, uma vez que o problema da mudança climática não é palpável, o colocamos em segundo plano. No entanto, quando o problema chegue a ser palpável será tarde para que façamos algo que traga efeitos concretos de regressão do estado catastrófico.
Outros problemas asseverados pelo autor são o da própria isenção de culpa da sociedade e o da incapacidade de abstrair presente e futuro. Giddens vai nos dizer que, de fato, os indivíduos têm certa dificuldade de “atribuir o mesmo nível de realidade ao futuro que ao presente” (p. 20) e que por isso o problema parece estar sempre distante. Além disso, cada indivíduo tende a pensar que qualquer atitude que possa tomar enquanto isolado, não ajudará em nada, poucos preocupam-se com o “fazer a minha parte”.
Os meios usados para atingir o “progresso econômico” podem ser extremamente prejudiciais se não forem usados de maneira bem pensada. Para que os danos não sejam ainda maiores, Giddens afirma que se fazem urgentes estratégias políticas bem planejadas, especialmente em países industrializados e, o mais importante, essas estratégias têm de ser suprapartidárias, de maneira que, embora haja troca de governo, a política de mudança climática seja continuada.
O sociólogo adverte que “este não é um livro sobre a mudança climática, mas sobre a política de mudança climática” (p. 36), em outras palavras, podemos entender que não é sobre o problema da mudança climática em si, mas sobre os efeitos da despreocupação total com este problema. E, principalmente, da não-tomada de decisões por parte dos governantes, enfim, do que a ausência dessa política pode causar.
Giddens traz também a fala de estudiosos céticos a respeito da mudança climática e também a postura dos críticos. É aqui que as opiniões se dividem: os primeiros asseguram que o aquecimento global moderno é moderado e não é produzido pelo homem e que o aumento da temperatura não é algo novo, tendo em vista que em outras épocas, o planeta já passou por oscilações desse tipo mais de uma vez. Para os céticos, segundo Giddens, é um exagero gastar reservas econômicas com programas de redução de CO2, enquanto há problemas reais urgentes como a pobreza mundial, a disseminação da aids e as armas nucleares.
Por outro lado, há os críticos, que defendem que o aumento na temperatura é causado pelas ações do homem enquanto indivíduo pertencente a uma civilização industrial, que resultam no efeito estufa, e acreditam que medidas devem ser tomadas para “salvar” o planeta.
A obra é de total pertinência, atualizado e rico em informações. O que podemos depreender desta obra é que Giddens acredita na necessidade de um diálogo entre os estudiosos da causa ambientalista, os empresários e os governos. E que esse diálogo deve associar a problemática do aquecimento global com a da segurança energética. Para o autor, há que se buscar novas fontes de energia renováveis, mas o mais urgente é rever as políticas antes que chegue o momento em que, ainda que haja a melhor das intenções, já não seja possível fazer nada.


[1] Acadêmica do curso de Direito da Universidade Federal de Rio Grande.

Resenha para a disciplina de Filosofia

Referência: TARNAS, Richard. A transformação da Era Moderna. In: A Epopeia do pensamento ocidental: para compreender as ideias que moldam nossa visão de mundo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000, p. 350-421.

História do Pensamento Moderno
Viviane de Freitas Cunha[1]

Richard Tarnas é astrólogo, filósofo e historiador do pensamento ocidental, mais especificamente, é um estudioso da evolução do pensamento filosófico moderno. Suas obras, grande parte das vezes, se referem à religião, à ciência e à filosofia. A epopéia do pensamento ocidental trata de mais de vinte séculos de teorias e ideias, que vão desde os gregos clássicos até os filósofos pós-modernos.
O trecho da obra resenhado se refere ao capítulo V – A transformação da era moderna –, a qual apresenta a extensa narrativa histórica da visão de mundo ocidental e da revolução científica, bem como as evoluções nas ciências e na filosofia ocorridas ao longo de toda era moderna marcada pelas rupturas com certas concepções medievais, especialmente no que se refere à religiosidade. É, outras palavras, um desdobramento de tudo o que formou o pensamento moderno.
Resenhar este texto não é tarefa simples, uma vez que se tem a impressão de que cada novo parágrafo lido trata do “mais importante”, e, francamente, isso pode acontecer tanto quando se entende tudo, como quando não se entende nada. O leitor deste livro não deve esperar uma leitura simples e fluida, ao contrário, visto que se trata de muitos anos de história, de descobertas, e de teorias inovadores [suplantadas por outras mais novas e atuais] de diferentes áreas, ainda que estas venham a se entrecruzar.
Basicamente, o texto trata das teorias que foram resultando das respostas buscadas pelos estudiosos a fim de que pudessem responder as questões que iam emergindo, como a dúvida sobre o discurso aceito de que a Terra, o homem, ou Deus seriam o centro do universo e, ainda, questões sobre o caráter nato das ideias e de como tudo isso deu forma ao pensamento moderno.
Tarnas pretende fazer com que entendamos a história das ciências e da filosofia, afinal, ela é que molda o nosso entendimento do mundo atual. Mas, voltando à época das luzes, quando o racionalismo invade a cena, temos a melhor definição da revolução científica com Francis Bacon: Saber é poder. O pensamento passou a ser norteado pela necessidade de certezas, por uma necessidade de ser plenamente racional, justamente, para que a visão de mundo pudesse ser realista é confiável e aquele que detivesse o conhecimento, seria também detentor do poder.
Para Tarnas, a revolução nas ciências começa com Copérnico, quando este tira a Terra do centro do Universo e põe a baixo essa concepção medieval. Depois, temos as teorias darwinistas, e estas tiram o homem do centro do Universo, nas palavras do autor, agora, sabia-se que o homem era só um animal que dera muito certo (p. 351) e Freud, pega o inconsciente humano cheio de medos e desejos e traz para a luz da investigação racional.
Descartes é trazido pelo autor como fundador da filosofia moderna, seguido por Espinoza, Locke, Berkeley, Hume e Kant. E, a partir desses filósofos, Tarnas vai iniciar a discussão sobre os racionalistas e os empiristas. Para estes (e neste rol estão Locke, Berkeley e Hume), nada chega até a consciência sem que passe, antes, pelos sentidos e jamais a ideia ou o conceito podem ser confundidos com a coisa. Por outro lado, para aqueles (compreende-se aqui Descartes e Espinosa), o fundamento do conhecimento vinha exclusivamente da razão.
Kant supera esse embate entre teóricos ao dizer que os sentidos eram importantes, mas a razão também. Os racionalistas haviam esquecido a importância da experiência, e os empiristas não queriam aceitar que a razão influenciasse grandemente a nossa concepção do mundo. Kant acaba por equilibrar essa tensão entre racionalistas e empiristas.
O próximo tema abordado por Tarnas é o dos temperamentos modernos: o iluminista e o romântico. Ambos queriam conhecer a natureza, mas o cientista/iluminista queria a revelação através da “lei mecânica” e o romântico através da “lei espiritual”. O primeiro buscava a verdade incontestável e o segundo, a verdade sublime. Dentre os românticos estão Goethe, Nietzsche, Kierkegaard, Schopenhauer.
Falando sobre o Existencialismo o autor encerra este capítulo. A anomia, o mal-estar, a qualidade da vida moderna, todos esses problemas da “moderna condição” (p. 416) eram encarados através do fenômeno do existencialismo. Dentre os existencialistas, tem-se Heidegger e Sartre. Agora, sabia-se que “as coisas existiam simplesmente porque existiam” (p. 416). A ciência tentou explicar todas as coisas, mas o que fez foi acabar reduzindo todas as coisas. E coube aos pós-modernos formular novas questões e ir em busca de respostas para esse problemas modernos.


[1] Acadêmica do curso de Direito da Universidade Federal de Rio Grande.