1 de dezembro de 2011

Resenha para a disciplina de Filosofia

Referência: TARNAS, Richard. A transformação da Era Moderna. In: A Epopeia do pensamento ocidental: para compreender as ideias que moldam nossa visão de mundo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000, p. 350-421.

História do Pensamento Moderno
Viviane de Freitas Cunha[1]

Richard Tarnas é astrólogo, filósofo e historiador do pensamento ocidental, mais especificamente, é um estudioso da evolução do pensamento filosófico moderno. Suas obras, grande parte das vezes, se referem à religião, à ciência e à filosofia. A epopéia do pensamento ocidental trata de mais de vinte séculos de teorias e ideias, que vão desde os gregos clássicos até os filósofos pós-modernos.
O trecho da obra resenhado se refere ao capítulo V – A transformação da era moderna –, a qual apresenta a extensa narrativa histórica da visão de mundo ocidental e da revolução científica, bem como as evoluções nas ciências e na filosofia ocorridas ao longo de toda era moderna marcada pelas rupturas com certas concepções medievais, especialmente no que se refere à religiosidade. É, outras palavras, um desdobramento de tudo o que formou o pensamento moderno.
Resenhar este texto não é tarefa simples, uma vez que se tem a impressão de que cada novo parágrafo lido trata do “mais importante”, e, francamente, isso pode acontecer tanto quando se entende tudo, como quando não se entende nada. O leitor deste livro não deve esperar uma leitura simples e fluida, ao contrário, visto que se trata de muitos anos de história, de descobertas, e de teorias inovadores [suplantadas por outras mais novas e atuais] de diferentes áreas, ainda que estas venham a se entrecruzar.
Basicamente, o texto trata das teorias que foram resultando das respostas buscadas pelos estudiosos a fim de que pudessem responder as questões que iam emergindo, como a dúvida sobre o discurso aceito de que a Terra, o homem, ou Deus seriam o centro do universo e, ainda, questões sobre o caráter nato das ideias e de como tudo isso deu forma ao pensamento moderno.
Tarnas pretende fazer com que entendamos a história das ciências e da filosofia, afinal, ela é que molda o nosso entendimento do mundo atual. Mas, voltando à época das luzes, quando o racionalismo invade a cena, temos a melhor definição da revolução científica com Francis Bacon: Saber é poder. O pensamento passou a ser norteado pela necessidade de certezas, por uma necessidade de ser plenamente racional, justamente, para que a visão de mundo pudesse ser realista é confiável e aquele que detivesse o conhecimento, seria também detentor do poder.
Para Tarnas, a revolução nas ciências começa com Copérnico, quando este tira a Terra do centro do Universo e põe a baixo essa concepção medieval. Depois, temos as teorias darwinistas, e estas tiram o homem do centro do Universo, nas palavras do autor, agora, sabia-se que o homem era só um animal que dera muito certo (p. 351) e Freud, pega o inconsciente humano cheio de medos e desejos e traz para a luz da investigação racional.
Descartes é trazido pelo autor como fundador da filosofia moderna, seguido por Espinoza, Locke, Berkeley, Hume e Kant. E, a partir desses filósofos, Tarnas vai iniciar a discussão sobre os racionalistas e os empiristas. Para estes (e neste rol estão Locke, Berkeley e Hume), nada chega até a consciência sem que passe, antes, pelos sentidos e jamais a ideia ou o conceito podem ser confundidos com a coisa. Por outro lado, para aqueles (compreende-se aqui Descartes e Espinosa), o fundamento do conhecimento vinha exclusivamente da razão.
Kant supera esse embate entre teóricos ao dizer que os sentidos eram importantes, mas a razão também. Os racionalistas haviam esquecido a importância da experiência, e os empiristas não queriam aceitar que a razão influenciasse grandemente a nossa concepção do mundo. Kant acaba por equilibrar essa tensão entre racionalistas e empiristas.
O próximo tema abordado por Tarnas é o dos temperamentos modernos: o iluminista e o romântico. Ambos queriam conhecer a natureza, mas o cientista/iluminista queria a revelação através da “lei mecânica” e o romântico através da “lei espiritual”. O primeiro buscava a verdade incontestável e o segundo, a verdade sublime. Dentre os românticos estão Goethe, Nietzsche, Kierkegaard, Schopenhauer.
Falando sobre o Existencialismo o autor encerra este capítulo. A anomia, o mal-estar, a qualidade da vida moderna, todos esses problemas da “moderna condição” (p. 416) eram encarados através do fenômeno do existencialismo. Dentre os existencialistas, tem-se Heidegger e Sartre. Agora, sabia-se que “as coisas existiam simplesmente porque existiam” (p. 416). A ciência tentou explicar todas as coisas, mas o que fez foi acabar reduzindo todas as coisas. E coube aos pós-modernos formular novas questões e ir em busca de respostas para esse problemas modernos.


[1] Acadêmica do curso de Direito da Universidade Federal de Rio Grande.

Um comentário: